“Alguém me ouviu (mantém-te firme)” – Mariza & Boss AC

Com o mês de Outubro, chegou a música do Movimento UPA, que trata o tema “Desespero/Esperança”, desta vez nas vozes de Mariza e Boss AC. Esta é a luta: fazer acreditar que a cura para as doenças mentais existe e que só assim o desespero se transformará em esperança.
Como sempre, para ajudar esta causa basta fazer o download do tema “Alguém me ouviu (mantém-te firme)” em Encontrar+se.

* Eu estou com esta causa desde o início… com imenso orgulho!
Já agora, atentem uma vez mais nisto:

lEVANTem-se CONTRA A DISCRIMINAÇÃO DAS DOENÇAS MENtAIS!

Janeiro: “Pertencer” – Xutos & Pontapés + Oioai (discriminar/integrar)
Fevereiro:
“Ele é que não” – Rodrigo Leão + JP Simões (negar/assumir)
Março:
“Vendaval” – Camané + Dead Combo (separação/união)
Abril:
“O Rei Vai Nu” – Sérgio Godinho + Xana (culpa/tolerância)
Maio:
“Ouve Bem” – Tiago Bettencourt + Cool Hipnoise (dependência/autonomia)

Julho: “BI-Polar” – Mesa + Rui Reininho (medo/compreensão)
Agosto: “Voa” – Paulo Gonzo + Balla (ofender/respeitar)

A letra do tema de Mariza e Boss AC fica disponível a seguir…

Não me resta nada, sinto não ter forças para lutar
É como morrer de sede no meio do mar e afogar
Sinto-me isolado com tanta gente à minha volta
Vocês não ouvem o grito da minha revolta
Choro a rir, isto é mais forte do que pensei
Por dentro sou um mendigo que aparenta ser um rei
Não sei do que fujo, a esperança pouca me resta
É triste ser tão novo e já achar que a vida não presta
As pernas tremem, o tempo passa, sinto cansaço
O vento sopra, ao espelho vejo o fracasso
O dia amanhece, algo me diz para ter cuidado
Vagueio sem destino nem sei se estou acordado
O sorriso escasseia, hoje a tristeza é rainha
Não sei se a alma existe mas sei que alguém feriu a minha
Às vezes penso se algum dia serei feliz
Enquanto oiço uma voz dentro de mim que diz…

Chorei
Mas não sei se alguém me ouviu
Enão sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

Não há dia que não pergunte a Deus porque nasci
Eu não pedi, alguém me diga o que faço aqui
Se dependesse de mim teria ficado onde estava
Onde não pensava, não existia e não chorava
Sou prisioneiro de mim próprio, o meu pior inimigo
Às vezes penso que passo tempo demais comigo
Olho para os lados, não vejo ninguém para me ajudar
Um ombro para me apoiar, um sorriso para me animar
Quem sou eu? Para onde vou? De onde vim?
Alguém me diga porque me sinto assim
Sinto que a culpa é minha mas não sei bem porquê
Sinto lágrimas nos meus olhos mas ninguém as vê
Estou farto de mim, farto daquilo que sou, farto daquilo que penso
Mostrem-me a saída deste abismo imenso
Pergunto-me se algum dia serei feliz
Enquanto oiço uma voz dentro de mim que me diz…

Chorei
Mas não sei se alguém me ouviu
Enão sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

26 pensamentos sobre ““Alguém me ouviu (mantém-te firme)” – Mariza & Boss AC

  1. O Movimento UPA é uma causa que merece ser abraçada e merece que sejamos “mãos largas”, o pouquinho que cada um possa fazer no final é muito e pequenos gestos individuais ajudam a minimizar o desespero e aumentar a esperança de quem lida e de quem vive diariamente com as “diferenças”.

    De todas as músicas que até agora foram lançadas esta é a minha de eleição.

    Um beijinho Carla, fica bem e até sempre.

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  2. Cristina,

    é pena que, na maior parte dos casos, só quem passa por problemas semelhantes, ou convive com pessoas que padecem destes “desesperos”, sabe realmente valorizar os pequenos gestos de esperança. No entanto, acredito que cabe a cada um de nós fomentar a vontade de mudar essa realidade. Esta iniciativa da UPA08 é por isso de louvar, daí a minha vontade em associar-me (em termos de divulgação, claro), pois o futuro é de todos e não apenas dos ditos “normais”.

    Eu gosto de todas as músicas, porque cada uma tinha um objectivo diferente, mas esta tem realmente uma mensagem mais forte e directa. Continuo, no entanto, a ter um especial carinho pelo tema “Pertencer” dos Xutos e Pontapés & Oioai.

    Beijinhos*

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  3. De todas as músicas que foram lançadas ao longo de cada mês é sem duvida alguma, aquela com a qual me identifico mais. Já é um ritual do meu dia a dia ouvi-la. Beijos e abraços para todos.

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  4. André,

    É de facto uma combinação sui generis, mas é disso que o projecto trata, ou seja ligar realidades e sentimentos distintos, relacionados com as doenças mentais, para que neles se encontrem pontos de aproximação.
    Já visitei o teu blog, que aborda umas das minhas paixões: a música. Continua!

    Telma,

    Obrigada pela visita.
    Beijinhos para ti também!

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  5. a primeira vez que ouvi esta musica ate me arrepiei ta sem duvida uma combinação perfeita entre boss ac e mariza. duas maravilhosas vozes! vem provar que o fado e o hip hop tem algo em comum…fica bem clara a mensagem! porque afinal em portugal tambem temos grandes vozes!
    parabens pela iniciativa…

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  6. Eu adoro a canção intrepertada pela Mariza e Boss AC (Embora seja, eu, ligado mais ao Rock/Metal).
    A letra é depressiva, angustiante!… Tira-me a respiração!…
    Eu sou Bipolar… E!… Simplesmente vejo com toda a minha intensidade, uma nova luz, uma nova força em tal pedaço de arte!…
    Muito Bom!…

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    • Zackor Bergh Warner,

      Todas as músicas do Movimento UPA “obrigam-nos” a esquecer os nossos gostos musicais, para darmos mais importância à mensagem que se pretende transmitir. Sabemos, apesar de tudo, que se tratam de importantes referências musicais da nossa praça.
      A letra é de facto poderosa e dolorosa para quem infelizmente percebe o que as palavras traduzem. Temos de encontrar nela o sol que precisamos para continuar a lutar.
      Força!
      Cumprimentos,
      Carla

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  7. Não tenho palavras! Ao ouvir esta musica, identifica’se de mais comigo, com a minha vida, com o que sinto.
    Infelizmente, estou ha mais de dois anos doente, e este pesadelo parece nao qerer acbar!Esta iniciativa é brilhante*

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  8. Pingback: Música do dia « Sartse moe

  9. É de facto interessante, para não dizer mais, ouvir esta música.

    A lágrima caiu quando me fez lembrar o desespero que senti quando passei por tudo o que eles descrevem. sem tirar nem pôr.
    Foi simplesmente horrível dar conta que podemos ser o nosso pior inimigo.

    Um dia achei piada, como tantos outros da minha idade, às pessoas que andavam pela rua e falavam sozinhas. Hoje sei que por trás há muita história por contar e que apenas é preciso alguém ao lado para nos manter à terra. porque deixamos de lutar por algumas (muitas) razões. A realidade começou a distorcer, os medos eram imensos, a auto-estima não existia. E isto é apenas uma parte.

    Depois há o conviver com pessoas que fazem de conta que não vêem o que se passa, isso sim, é o pior dos choques.

    No fim, comecei por ver o lado bom (se é que existe). Pessoas maravilhosas se juntaram há minha volta, porque quem não quer ajudar, “salta o barco”. Porque “nós” apenas estivemos fora da realidade, do controlo, não perdemos a memória. E porque nós um dia nos levantamos desse buraco que achávamos que não tinha fundo e só nos apetece beijar a face de quem nos aguentou, de quem se aguentou e manteve firme e hirto a nosso lado. Porque é por nós e por eles que nos levantamos e dizemos:

    Chorei
    Mas não sei se alguém me ouviu
    Enão sei se quem me viu
    Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
    Vou ser forte e vou-me erguer
    E ter coragem de querer
    Não ceder, nem desistir eu prometo

    Busquei
    Nas palavras o conforto
    Dancei no silêncio morto
    E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
    Vou ser forte e vou-me erguer
    E ter coragem de querer
    Não ceder, nem desistir eu prometo!

    Hoje acordo todos os dias e agradeço por ser apenas mais um dia normal. Porque cada dia normal é uma bênção e pena é só nos apercebermos disso quando perdemos o chão e o norte.

    Peço desculpa pelo extenso texto mas achei que devia dar o testemunho.

    Porque eu me levantei e se tu és um daqueles que acha que não consegue, é mentira, tu vais conseguir, aguenta!
    Porque este lado da ponte é bem melhor e tu sabes disso.

    Boa sorte e parabéns pelo post.

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    • Lavínia,

      Agora sou eu que estou sem palavras, comovida, tocada com a tua história, que em tantos pontos parece igual à minha e, por breves segundos, fico contente apenas por pensar que realmente não estou sozinha. Claro que imediatamente volto à realidade e desejo que ninguém passe por esta dor, a que eu costumo chamar de “dor de alma”.
      Fico muito feliz por teres gostado de me visitar e de te rever nas palavras desta música magnífica. Espero que nos continuemos a encontrar pela blogosfera e até, quem sabe, ajudar-nos mutuamente.

      Eu não vou desistir e, sim, eu sei que do outro lado da ponte é bem melhor, MUITO MELHOR!!!

      OBRIGADA!!!

      Beijinhos*

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  10. Tenho de elogiar o ultimo comentário, é fenomenal força e não desistas, se não te ajudares a ti ninguém por mais que tente também não vai conseguir!Não desista nunca de vocês mesmos e lutem até ao fim!a musica é maravilhosa mas não é isso que pertendo elogiar mas sim todos os que lutam diáriamente contra as diferenças! Um abraço para todos!

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    • Obrigada pelas palavras, Daniel! Também concordo que tudo depende de nós, apesar de achar que, os que gostam de nós e que nos aceitam tal como somos, são óptimos apoios para um dia-a-dia menos pesado e triste.
      Cumprimentos*

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  11. Concordo contigo Carla, mas este virar de costa do Governo e das instituições em geral já vem com um problema de fundo de há muitos Anos atrás, este problema de exclusão social não é novo, e o pós-25 de Abril 1974 poderia ter dado o avanço no sentido de se começar, a organizar de forma equilibrada as sociedades emergentes, por exemplo como se verificou em muitos Países da Europa, mas esta questão não foi resolvida na generalidade quando se criou o conselho europeu em 1986, e até hoje Portugal só avança para qualquer reforma, a mando da Europa, se calhar os nossos afamados deputados, tem doenças, bipolares, como alguns infelizmente tem, e não são capazes de tomar a iniciativa de….
    Mas são suficientemente inteligente, de, (éolicamente) produzir economia…quando nós (pessoas) de todos os estratos sociais precisamos de coisas tão básicas como o que o Movimento UPA reivindica com esta campanha.
    OS MEUS PARABÉNS A TODOS OS MUSICOS PORTUGUESES QUE AJUDARAM A CATIVAR A ATENÇÃO DE TODOS PARA ESTE PROBLEMA DA NOSSA SOCIEDADE!

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  12. Pingback: Lado B… | Por Outras Palavras...

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