Será sempre 25 de Abril. Só tu não estás aqui…

Cravo_BrunaCosta

Cravo @ Bruna Costa

25 de Abril.
25 de Abril, sempre!
Se estivesses aqui, andarias zangado há dias por não poderes sair à rua hoje, nem no próximo primeiro de Maio (como sempre te referias ao dia do trabalhador).
Se estivesses aqui, parecer-te-ia um ultraje não ser possível fazer a Avenida dos Aliados a pé, ao som do Sérgio Godinho ou do Zeca nos altifalantes e de celebrar junto dos que, como tu, continuam a vibrar com uma conquista que é de todos e de cada um. Uma conquista que celebraste todos os dias. A LIBERDADE!
Se estivesses aqui, não poderias estar hoje à noite no concerto do Francisco Fanhais, do José Freire ou do Fausto!
Se estivesses aqui, dir-te-iam que eras uma pessoa de risco e que terias de ficar em casa.
Se estivesses aqui, eu tenho a certeza que, de todos os dias deste isolamento e depois de alguns dias de raiva, estes seriam os únicos dias em que resmungarias, contestarias (interiormente. Como sempre fazias, aliás!). Depois, resignado, ficarias em silêncio. Num silêncio triste e desolador, não duvido! Como se te tivessem roubado a liberdade. Conhecias de cor esse silêncio antigo, que julgavas calado para sempre e que agora, em liberdade, terias de cumprir.
Se estivesses aqui, eu sei que o teu modo recto de ser, capaz de ouvir e entender o óbvio, cedo transformaria esse silêncio no teu novo modo de dizer liberdade.
Se estivesses aqui, só amanhã ou depois falaríamos de hoje. Porque a liberdade que nos ensinaste foi essa mesma. A de saber aceitar o tempo de cada um!
Se estivesses aqui, o 25 de Abril, mesmo em casa, teria ainda assim mais valor, Pai!

Será sempre 25 de Abril. Só tu não estás aqui!
25 de Abril, sempre!

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