Das palavras (de outros) em que me encontro…

“(…)Por isso, queridos filhos, ir para a escola é importante. Aprender é importante.
Mas não se limitem às metas curriculares, não queiram ser os primeiros no quadro de honra.
Acima de tudo, aprendam a ser felizes. A conversar com os amigos. A fazer rodas e a cantar. A olhar para as árvores e as flores e perceber como mudam com as estações do ano. Sejam educados com todas as pessoas, sejam simpáticos, ajudem quem precisa. E não, a mãe não vai ficar zangada se se enganarem nas fracções que são ensinadas antes de tempo, ou se os testes nacionais não correrem assim tão bem. E prometo que vamos todos, em família, fazer tudo para abrandar o ritmo. Para vos ir buscar cedo, não para vos levar a mil-e-uma actividades extra curriculares, mas para irmos ao parque dar milho aos pombos ou andar no baloiço, para passearmos de mão dada pela nossa aldeia, para visitarmos os amigos ou para vos ensinar a fazer a sopa para o jantar. E sim, para isso os pais precisam de trabalhar menos, e provavelmente teremos menos iPads, menos roupa de marca, menos viagens. Mas, prometo-vos, vamos ser muito mais ricos.(…)”

Texto daqui

 

‘A finitude é o destino de tudo’*

Grey’s Anatomy (S.11)

Foto @ Buzzfeed

*José Saramago

As palavras mais bonitas que eu podia ouvir…

O meu filho está na sala a brincar com os carrinhos, depois de comer duas bolachinhas. Ouço-o a correr para mim, de sorriso nos lábios. E diz:

‘Mamã, ‘vem comigo ‘pá’ sala!
‘Fazer o quê?’
‘Vem comigo sentar nas migalhas!’
, diz com o olhar mais terno do (meu) mund♥!

‘Não me venham com meias coisas’*

O texto que se segue é de Carolina Deslandes, uma mulher (com cara de menina) de 23 anos que escreve de alma cheia, com o coração na boca e sem medo das palavras. E eu estou a adorar conhecer esta sua faceta maravilhosa, de quem apenas conhecia a voz rouca e suja que colocava em lindas interpretações! Começou a publicar as suas crónicas na plataforma Maria Capaz há pouco tempo. Li a primeira e siderei. Esta foi mais longe! Entranhou-se em mim e foi ao mais fundo do meu ser, da minha essência, pela qual me guio desde que me conheço. E talvez, por isso, eu seja um bocadinho difícil de se gostar verdadeiramente. Porque sou igualmente de grandes extremos, de sentimentos gigantes, de tudo ou nada, de não gostar de meios termos, de meias verdades, de não deixar coisas por dizer, de defender os meus e de lutar por quem amo até à exaustão! E nem sempre se gosta ou se aceita alguém assim. Só os que entram na nossa vida e aceitam ficar.

8 OU 80 por Carolina Deslandes

“Eu amo com o corpo todo. Eu amo com o coração, com as mãos, amo até à ponta dos cabelos. Eu choro com o corpo todo, sofro inteira e inteiramente. Choram-me os olhos e a alma, os tornozelos e os dedos dos pés. E quando sofro, sofre o céu, sofrem as flores, sofrem os transeuntes, sofrem as pedras da rua… O mundo inteiro parece estar de luto. Eu não entendo o ameno, não sei o que isso é. Não entendo a meia estacão. Eu ou morro de frio e visto mais camisolas do que as que me cabem, ou morro de calor debruçada na janela com o cabelo para baixo. Eu nunca “estou satisfeita”, ou estou morta de fome ou tão cheia que até falar custa. Eu nunca gosto mais ou menos de um sítio, nunca. Ou adoro de morte ao ponto de cheirar a casa e poder andar descalça, ou detesto ao ponto de preferir ficar em casa a escrever baboseiras. Eu não entendo o que é isso da “música levezinha”, eu preciso que a música me atropele, me dispa. Preciso que dê um pontapé na porta e me fale como se me conhecesse da vida toda. Eu não me rodeio de “gente porreira”. A gente porreira é o atum da humanidade. Eu rodeio-me de gente, com os melhores e piores feitios, gente calma e pacífica e gente que tem trovoada. Mas acima de tudo gente. Gente que, seja qual for a sua verdade, é de verdade. Eu não entendo o “vai-se andando”. Eu não “vou andando” para lado nenhum, o gerúndio demora tempo demais. Ou estou parada num sítio, apática e a falar sozinha, ou estou a 300 à hora, como se cada instante fosse um ano de vida. Eu não prefiro ter um pássaro na mão que dois a voar. Se existem dois pássaros – que estejam na minha mão – ou então que voem juntos e eu fico a admirá-los. Mas *não me venham com meias coisas. Eu não entendo o “disfarça” ou o “não compres essa guerra”, “se eu não gostar de ti, vais saber”, “se não gostar de alguma coisa, vou dizer”. É que eu prefiro comprar guerras honestas que viver de pazes alugadas made in china. Eu não tenho conhecidos. Ou tenho amigos, ou tenho pessoas, simplesmente. Ou te cumprimento e nada mais ou podes ter a certeza que te dou a minha camisola no Alasca e até te dou o meu Calipo se o teu cair inteiro na areia. Eu não acho mais ou menos piada a nada, não sou adepta do sorriso amarelo. Ou fico calada ou rio até as lágrimas escorrerem e a barriga doer tanto que tenho de me enrolar como um bicho da conta. Eu nunca estou mais ou menos doente ou mole. Ou estou tão activa que falo pelos cotovelos, ou dou 115 espirros e durmo abraçada a um rolo de papel higiénico. Não sei se é uma bênção ou maldição, isto de ser inteira em tudo. É tudo intenso. É tudo catástrofe ou milagre, é tudo luz ou sombra. E pelo amor de Deus, que daqui a uma anos ninguém me descreva como a “gaja porreira”. Que me amem e me lembrem ou então, não queiram saber de mim.”

As palavras que hoje quero destacar…

E que subscrevo integralmente! Porque estão cada vez mais incrustadas na minha mente! O crescimento ajuda-nos, se assim quisermos, a guardar só o que é bom de guardar. ❤

<<Ser cada vez mais selectivo não tem nada de errado, ajuda-te a manter o norte e a relativizar tudo o que te acontece de menos bom.
Sentir que o teu coração só aloja quem tens de melhor não tem nada de errado, faz-te perceber quem mora lá dentro ano após ano, sempre.
Saber com clareza o que te move na vida, não tem nada de errado, faz-te sentir-te grato pelo que de bom carregas do lado esquerdo do teu peito, faz-te sentir orgulhoso pela tua história, pelas conquistas e pelos tropeços, pelo erro e pelo perdão, pelo sentido que deste à mudança que a vida te pediu.>>
 Texto @ Às nove no meu blog

‘A vida sabe o que faz’*

*Imagem e texto aqui

Grata, Sofia!

Quando lemos as palavras certas* num dia que tem tudo para ser cinzento…

vida

“Se tens um abraço para dar, dá. Se tens uma desculpa a pedir, pede. Se tens um erro a corrigir, corrige. Se tens um amor para viver, vive. Se tens um nó na garganta, desata. Se tens medo, vai com coragem. Se não queres, diz «não». Se não sabes, pergunta. Se queres, pede.
Se magoa, perdoa. Se dói, esquece. Se não serve, arruma.
Se não estás bem, muda. E se tens fé, acredita.”

Imagem e texto no Às 9 no meu blogue

*Grata, Sofia!

Peanuts…

Peanuts…

Foi esta a palavra que me ocorreu às 5.30h da manhã de hoje, depois de ler as difíceis palavras da Vanessa Afonso e ao pensar na pequenez das razões que me obrigavam a estar acordada a essa hora. A mãe da Nonô, da princesa guerreira, da princesa ‘côderosa’ estava destroçada. Uma mãe de coração apertado, que, de forma altruísta fez questão de partilhar, em nome pessoal, os últimos acontecimentos com quem a segue nesta difícil batalha. As palavras transpiravam cansaço e dor. E eu estava ali a pensar nas minhas queixas. ‘Peanuts’, é o que é!

Até então achava os meus lamentos mais que legítimos. Triste sorte a minha estar há mais de uma hora acordada com o meu pequenino, que resolveu não querer dormir, porque queria estar com a mãe! Que não mediu os seus movimentos e força e me deu uma valente cotovelada na cara que me fez trincar a língua. Que queria brincar! Que achou aquela uma óptima altura para uma ‘tória‘!  Vida difícil, de facto! Peanuts! 😦

Quando pego no telemóvel para ver as horas e me deparo com as últimas notícias da Vanessa, gelei. Senti-me pequenina, lamechas e muito egoísta. 😦 O que me estava a acontecer não era nada de mais. Não eram mais que umas horas de sono perdidas, que rapidamente se recuperarão e um episódio que dias depois nem vou lembrar.

Peanuts! Peanuts! Peanuts! 

Relembrei imediatamente o texto da Sofia que ontem li no seu blog e que, para além do modo maravilhoso como define esta bela condição que a vida me (nos) deu, SER MÃE,  fala na importância do RELATIVIZAR. E hoje aprendi da forma mais triste uma nova lição neste campo. A verdade é que se relativizarmos, saberemos ser mais felizes. Concluímos que estes ‘terríveis’ e comuns problemas são PEANUTS!!!

Muita força, Vanessa, Nonô e demais família e amigos. ❤

 

Da imprevisibilidade da vida…

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Foto @Pinterest

‘Às vezes, na estranha tentativa de nos defendermos da suposta visita da dor, soltamos os cães. Apagamos as luzes. Fechamos as cortinas. Trancamos as portas com chaves, cadeados e medos. Ficamos quietinhos, poucos movimentos, nesse lugar escuro e pouco arejado, para a vida não desconfiar que estamos em casa. A encrenca é que, ao nos protegermos tanto da possibilidade da dor, acabamos nos protegendo também da possibilidade de lindas alegrias. Impossível saber o que a vida pode nos trazer a qualquer instante, não há como adivinhar se fugirmos do contato com ela, se não abrirmos a porta. Não há como adivinhar e, se é isso que nos assusta tanto, é isso também que nos dá esperança.’

Ana Jácomo

‘Degustar o sabor das coisas mais simples’

“(…) Vem o sol, avança sobre os dias uma claridade que já quase ignorávamos, o calor estende-se longamente como um gato preguiçoso, é julho, quase agosto, e mesmo de gravata e afazeres ainda ao pescoço sabemos isso: que somos feitos para outros modos, que pertencemos a outros lugares. Não tem de ser necessariamente uma deslocação para outro país ou uma cidade diferente da nossa. Às vezes tudo o que nos falta é simplesmente caminhar com outro passo. É abrir a janela devagar, tendo consciência de que a abrimos. É reaprender outra qualidade para um quotidiano talvez demasiado deixado às rotinas e aos seus automatismos. É, no fundo, degustar o sabor das coisas mais simples. (…)”

José Tolentino Mendonça in O Hipopótamo de Deus
 (encontrado no blog da querida Sofia)

Imagem @ Pinterest